A Falsa Humildade de William Branham
O que é humildade?
A palavra humildade se origina do latim humilitas, humilis ou humus, que significa baixo, modesto, próximo à terra ou ao chão. É da mesma raiz da palavra humano. Isso nos indica que a humildade não consiste em fraqueza ou pensamentos de inferioridade, mas em uma simples consciência de nossa origem.


Para os cristãos, principalmente dos primeiros séculos da Igreja, a humildade é considerada a virtude que precede todas as outras. Ou seja, reconhecer quem somos é o primeiro passo para uma jornada na busca pela santidade e proximidade com Deus.
A humildade consiste no sacrifício, penitência e renúncia de si mesmo, conforme o próprio exemplo de Cristo que…
“esvaziou-se de si mesmo, assumindo a forma de servo, tornou-se semelhante aos homens.”
Filipenses 2:7 (NVI)
Alguns versículos anteriores, Paulo nos diz:
“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a vocês mesmos…”
Filipenses 2:3 (NVI)
Sendo assim, percebemos que a humildade é mais do que um ato de moralidade; é, na verdade, uma virtude que faz parte da natureza do próprio Cristo, como Ele também afirmou:
“Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para a alma.”
Mateus 11:29 (NVI)
William Branham foi um homem humilde?
Os seguidores de William Branham costumam afirmar que seu “profeta” foi um homem humilde que sempre procurou apontar para Cristo e não para si mesmo. Mas, analisando suas citações e até acontecimentos de sua vida, será que essas declarações de seus seguidores se provam verdadeiras?
1. “Mais milagres em meu ministério…”:
Em 1957, Branham declarou que aconteceram mais milagres e maravilhas em seu ministério do que em qualquer outro relato da história!
13 - Vi orações realizarem milagres. Sim, nesses últimos dias, nessa era moderna na qual estamos vivendo, tenho visto mais milagres que Jesus Cristo realizou em minhas reuniões, do que já li em todo o Seu Livro. Jesus Cristo já realizou mais milagres em minhas reuniões do que já li em todo Seu Livro, desde Gênesis a Apocalipse, e todos do mesmo gênero…
57-0804 - A grande Comissão
Rev. William M. Branham
Em outro sermão, ele afirma algo parecido.
419 - Ele teve mais sucesso em Jeffersonville, do que em Nazaré. Ele fez isso naquela cidade perversa e nesta cidade perversa. Amém! Glória! Porque: “Ele não pôde operar maravilhas lá, “ mas Ele operou aqui. Então teve mais êxito aqui mesmo do que Ele teve em -- em Cafarnaum ou -- ou Nazaré. Ele tem feito mais milagres aqui mesmo neste tabernáculo do que Ele fez em Seu ministério inteiro na terra. Isso é correto. Ele tem feito.
63-0901 - O Sinal
Rev. William M. Branham
Obviamente, essas declarações de Branham não são verdadeiras. Não há como afirmar que Jesus realizou mais milagres no Tabernáculo em Jeffersonville do que em toda a Bíblia, de Gênesis até Apocalipse. Ele, na verdade, está sendo espalhafatoso e sensacionalista, numa tentativa de colocar seu ministério e sua congregação no protagonismo dos milagres de Cristo.
Não encontramos os cristãos ao longo da história afirmando tais coisas, mesmo quando Deus realizou obras grandiosas através de seus santos. Um exemplo que podemos trazer é da própria Maria, mãe de Jesus. Ao receber o anúncio do anjo, em seu cântico, ela afirmou:
“Então disse Maria: Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois atentou para a humildade da sua serva. De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome”.
Lucas 1:46-49 (NVI)
2. As sete letras de seu último nome:
Quem é ou foi seguidor da Mensagem com certeza já se deparou com alguma citação em que Branham enfatiza a quantidade de letras em seu último nome. O chamado “profeta” tinha uma fascinação particular por numerologias, matéria pertencente a estudos esotéricos.
243 - A-b-r-a-h-a-m [Abraão em inglês—Trad.]. Agora veja, o nome de Abraão tem sete letras, A-b-r-a-h-a-m.
244 - Mas nosso irmão Billy Graham, tem G-r-a-h-a-m, seis, não sete. O mundo, é a isso que ele está ministrando, igreja natural.
246 - Mas houve Um que ficou com Abraão, e Abraão chamou-O: “Elohim, Senhor.”
63-0319 - O Segundo Selo
Rev. William M. Branham
198 - O único mensageiro que já tivemos nas eras da igreja, com o nome terminando em h-a-m; G-r-a-h-a-m, Graham.
199 - E Graham tem seis letras, e seis é o número do homem, o dia do homem; o homem foi criado, em—em Gênesis 1:26, no sexto dia. Mas sete é o número de Deus; o sétimo dia, Deus descansou. Não seis, mostrando que esse G-r-a-h-a-m seria para a igreja que está no mundo; mas, A-b-r-a-h-a-m, Abraão são sete letras.
64-0403 - Jeová-Jiré
Rev. William M. Branham
Nessas citações acima, percebemos que Branham faz uma associação entre o nome de Abraão em inglês com o nome de Billy Graham. Seu ensino era que o mensageiro dos últimos dias deveria ter um nome que terminasse com a pronúncia -ham, com sete letras, assim como a pronúncia do nome de Abraão em inglês. Nesse contexto, Billy Graham passou perto, porém seu último nome possui seis letras.
Essas declarações são sugestivas e completamente não bíblicas. A começar pelo fato de que a pronúncia do nome Abraão, no original hebraico, nada tem a ver com -ham em inglês. Branham está criando doutrinas e ensinamentos baseados na sua própria visão de mundo, ou seja, de um típico americano da década de 60, em que toda a história, política e teologia passam pela América.
Outro ponto importante é a afirmação de que esse último mensageiro estaria “tipificado” na visita feita por Elohim a Abraão e Sara. Estaria Branham afirmando que esse último mensageiro seria o próprio Deus encarnado?
O seguidor da Mensagem pode alegar que Branham não afirmou ser esse mensageiro. O que absolutamente não é verdade. A própria sugestão das sete letras de um nome terminado em -ham seria o suficiente para sua congregação entender seu ensinamento. Porém, além disso, temos o áudio que o “profeta” enviou para Lee Vayle, durante a elaboração do livro Uma exposição das sete eras da igreja, onde ele diz:
“E nós... Se me permite, creio que já lhe contei sobre a referência a G-r-a-h-a-m como tendo seis letras, o que significa homem, ou mundo. B-r-a-n-h-a-m tem sete, o que significa aperfeiçoado, perfeição. E foi... e a mensagem nunca foi para o grupo de Billy Graham. Foi para o grupo eleito, o grupo que é eleito.”
Transcrição da carta em áudio de William Branham para Lee Vayle - parág. 21
Branham seria a perfeição, seu ministério seria a perfeição? Essas citações e ensinamentos de Branham não possuem sequer aparência de humildade.
3. O 7º anjo: o profeta infalível:
Em seu livro Uma exposição das sete eras da igreja, Branham afirma que o sétimo anjo seria infalível e mais vindicado que qualquer outro profeta que já existiu.
“Quem então terá o poder da infalibilidade que deve ser restaurada nesta última era, pois esta última era voltará a manifestar a Noiva da Palavra Pura? Isso significa que teremos a Palavra uma vez mais como foi perfeitamente dada e perfeitamente compreendida nos dias de Paulo. Eu lhe direi quem o terá. Será um profeta completamente vindicado, ou até mesmo mais completamente vindicado do que qualquer outro profeta em todas as eras desde Enoque até este dia, porque este homem terá necessariamente o ministério profético da pedra de coroa, e Deus o manifestará.”
Uma exposição das sete eras da igreja – A era de Laodicéia
Páginas 296 e 297
Gravações A Voz de Deus
“A Palavra foi posta de lado, por isso Deus diz: “Eu irei contra todos vocês. Eu os vomitarei da Minha boca. Isto é o fim. Durante as sete eras, sem exceção, Eu apenas vi homens estimando sua própria palavra acima da Minha. Por isso no fim desta era vou vomitá-los da Minha boca. Tudo acabou. Eu certamente vou falar. Sim, Eu estou aqui no meio da Igreja. O Amém de Deus, fiel e verdadeiro Se revelará e SERÁ ATRAVÉS DE MEU PROFETA. ” Oh sim, isso é assim. ”
Uma exposição das sete eras da igreja – A era de Laodicéia
Páginas 305 e 306
Gravações A Voz de Deus
Algumas perguntas começam a surgir…
- Onde Deus diz o que está declarado acima?
- Além do próprio Cristo, qual homem na Bíblia teve poder de infalibilidade?
- O Papa não pode ser infalível, mas o 7º anjo pode?
- Com que autoridade Branham afirmou que o 7º anjo seria um profeta mais vindicado que qualquer outro, inclusive, João Batista e o próprio Cristo?
- Estaria Branham afirmando ser Deus encarnado outra vez?
- Qual a escritura para autenticar todas essas afirmações?
As escrituras afirmam que não houve profeta maior que João Batista:
“Eu lhes digo que, entre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior do que João; no entanto, o menor no reino de Deus é maior do que ele.”
Lucas 7:28 (NVI)
Ou seja, não há profeta maior que João Batista, e para ser maior do que ele, precisamos ser humildes, procurarmos ser o menor. Essa não parece ser a atitude de Branham. Levar seus seguidores a acreditar que ele seria o sétimo anjo, e que este seria infalível, maior que todos os profetas existentes, não é o comportamento de uma pessoa humilde, mas sim, de alguém que estava criando para si uma autoridade inquestionável.
4. Desafios lançados:
Quem está familiarizado com os sermões de Branham também se recordará de todas as vezes que o reverendo lançou desafios aos seus ouvintes: se você conseguisse provar que ele estava errado, ele admitiria que era um falso profeta.
35 - Eu disse: “É ele.” Eu disse: “Agora...” E eu disse para todas as pessoas (eu tinha a Sra. Isaacson como intérprete) eu disse: “Agora, diga-lhes: ‘Fiquem reverentes.’” Eu disse: “Se daqui a cinco minutos este garotinho não estiver em cena, vivo, então vocês podem me expulsar da Finlândia; eu sou um falso profeta.” Vêem? Eu disse: “O garotinho vai ressuscitar da morte neste instante.” Ele havia morrido há uns trinta minutos.
60-0716 - Desde Então
Rev. William M. Branham
17 - Eu disse: “Eu tive uma visão que ele vai receber a sua visão.” E eu disse: “Se ele não recobrar sua visão, então eu sou um falso profeta. Me coloquem para fora da Índia…
61-0211 - Abraão Restaurado
Rev. William M. Branham
226 - E recordem, Assim Diz o Senhor, haverá uma mulher que governará antes do fim do tempo. Ela será uma presidente, vice-presidente, ou será a igreja católica como uma mulher. Eu a vi: Uma grande mulher, a nação se inclinando para ela. Isto será antes do fim do tempo. Assim Diz o Senhor. Anote isto e descubram, vocês, jovens. Veja se isto acontece. Se não acontecer, eu sou um falso profeta.
60-0716 - Desde Então
Rev. William M. Branham
A todo momento, Branham parece precisar se provar como profeta. Sempre impressionando multidões com supostas curas e milagres, fazendo acréscimos extravagantes em seus relatos para ser validado em seu ministério profético. Essa atitude é diferente da que Jesus teve enquanto estava na Terra. Cristo realizava curas e pedia para que as pessoas não divulgassem aquilo, procurando ser discreto em suas ações.
“Tomando‑a pela mão, disse: ― Talita cum! — que significa: “Menina, eu ordeno a você: Levante‑se!”. Imediatamente, a menina, que tinha doze anos de idade, levantou‑se e começou a andar. Isso os deixou admirados. Ele deu ordens expressas para que não dissessem nada a ninguém e mandou que dessem à menina alguma coisa para comer.”
Marcos 5:41-43 (NVI)
Após ressuscitar uma criança, Jesus pediu que ninguém soubesse do milagre. Em contraste, William Branham promoveu um espetáculo diante de quinhentas pessoas e até do prefeito da cidade, desafiando publicamente quem duvidasse de seu ministério durante a suposta ressurreição do garoto finlandês. Enquanto Cristo agia com modéstia e discrição, Branham parecia buscar reconhecimento e validação diante das pessoas.
Jesus também foi bastante discreto e humilde ao curar pessoas cegas, por exemplo:
“Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem. Então, os seus olhos foram abertos, a sua visão foi restaurada e ele via tudo claramente. Jesus mandou‑o para casa, dizendo: ― Não entre no povoado!”
Marcos 8:25-26 (NVI)
“Então, tocou nos olhos deles e disse: ― Que seja feito segundo a fé que vocês têm! E a visão deles foi restaurada. Jesus, porém, os advertiu severamente: ― Ninguém deve saber disso.”
Mateus 9:29-30 (NVI)
Quando foi ao deserto ser tentado por Satanás, em nenhum momento Jesus cedeu às investidas do maligno para que seu poder divino fosse manifestado, mesmo estando em necessidade. Jesus jamais precisou provar para o Diabo que era Filho de Deus, mas William Branham parecia sempre precisar provar que era um verdadeiro profeta.
“e lhe disse: ― Se és o Filho de Deus, joga‑te daqui para baixo. Pois está escrito: “Ele dará ordem aos anjos dele a seu respeito; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra”. Jesus respondeu: ― Também está escrito: “Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus”.”
Mateus 4:6-7 (NVI)
5. Tabernáculo… Branham?
Sabemos que Branham, no início de seu ministério, era pastor auxiliar do Rev. Roy Davis, que, por sua vez, fazia parte do grupo de supremacia branca Ku Klux Klan. Nesse período, a igreja se chamava Batista Pentecostal. Após um incêndio, a igreja foi reinaugurada como Tabernáculo Billy Branham e, por volta de 1943, passou a ser conhecida como "Tabernáculo Branham", como muitos ainda a chamam.
Tendo vários nomes para escolher, por que colocar seu próprio sobrenome na placa de identificação da igreja? Os seguidores de Branham alegam que isso foi feito porque o terreno onde ocorreu a reconstrução pertencia ao “profeta”. Mas será que somente isso seria suficiente? Quando afirmamos que a mensagem e todas as igrejas adeptas giram em torno da pessoa de Branham, estaríamos exagerando? Não seria mais humilde escolher um nome que fizesse referência a Cristo — já que a igreja pertence a Ele (pelo menos deveria) — ou ao evangelho?
6. A foto de Branham: um cartão de visitas:

John Collins é um ex-membro da Mensagem de William Branham. Em seu livro O pregador por trás do capuz branco, ele narra como foi ser membro do Tabernáculo Branham. Ele faz uma reflexão muito interessante sobre a foto de Branham posicionada acima do púlpito.
Apesar de ser um comportamento incomum entre cristãos protestantes — já que praticamente todos consideram esse tipo de atitude idolatria — os crentes da Mensagem possuem a foto de Branham estampada nas paredes de suas igrejas como uma espécie de identificação. Mas a reflexão que John Collins traz é que essa foto está lá desde a década de 1950, quando o “profeta” ainda estava vivo.
Podemos fazer um simples exercício de humildade: imagine que você entra numa congregação e vê sua foto estampada na parede. Seria normal isso causar algum incômodo, pois talvez você não se sentisse digno de estar ali, já que Cristo deveria ser o único adorado, exaltado, honrado, venerado e lembrado. Agora, imagine-se pregando em um púlpito com sua foto logo acima da sua cabeça. Isso deveria soar, no mínimo, inadequado. Mas, para o próprio William Branham, parece que não.
A justificativa dada é que a ênfase está na luz branca que há na foto, e não em Branham. Isso pode funcionar bem na teoria, porém, na prática, não é o que acontece. Um visitante, ao entrar nessas igrejas ou nas casas dos membros, percebe primeiro Branham, e não a luz sobre sua cabeça. Isso, inclusive, causa escândalos entre os “desavisados”.
Conclusão
Após analisarmos esses eventos e citações, fica claro que Branham possuía uma necessidade compulsiva de promover sua própria persona, principalmente no que diz respeito ao seu suposto ministério profético. Buscava constante validação, admiração e protagonismo — comportamento típico de quem tem uma autoimagem inflada, algo incompatível com a humildade cristã. Seria ele um profeta soberbo? Isso nos mostra que lavar os pés dos irmãos todo domingo de ceia é uma coisa; viver uma vida de humildade é outra bem diferente.
“Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões e sua mente carnal a torna orgulhosa.”
Colossenses 2:18 (NVI)
“A humildade consiste em manter-se dentro dos próprios limites, não se exaltando acima do que se é.”
Tomás de Aquino
Suma Teológica, II-II, q.161, a.2
“Seja humilde, procure sempre os lugares mais baixos, rejeitando honras e riquezas. Aquilo que o homem é diante de Deus, isso ele é, e nada mais.”
Francisco de Assis
Referências
- Carta Áudio para Lee Vayle
- Rod Bergen - Under the halo (Examining the legacy of William Branham) / Believe the sign
- John Collins - Preacher behind the white hoods / Baixar livro em PT