A Mensagem de William Branham é Anátema!
O evangelho do Senhor Jesus Cristo é uma obra completa. Na plenitude dos tempos, o Verbo se fez carne. Foi Nele que tudo se cumpriu, se consumou e se completou.
“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.”
Gálatas 4:4 (ARC)
O Evangelho Original
Paulo nos ensina, em sua carta aos Gálatas, que o evangelho que ele pregava lhe foi dado pelo próprio Deus, e que é o verdadeiro evangelho. Ele também ressalta que aqueles que estavam criando perturbações entre os irmãos, na verdade, anunciavam um evangelho falso. Dito isso, ele declara:
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também o digo: Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.”
Gálatas 1:8-9 (ARC)

A palavra “anátema” vem do grego anáthema, que significa algo amaldiçoado ou consagrado à destruição. Quando Paulo afirma que qualquer um que pregue um evangelho diferente daquele que foi entregue anteriormente deve ser considerado amaldiçoado, ele está estabelecendo a autoridade da doutrina apostólica original acima de qualquer homem ou até mesmo de um ser celestial.
É de suma importância refletir sobre essa postura do apóstolo Paulo. Muitos se atentam à expressão “ou um anjo do céu”, mas a parte central do versículo está na declaração “ainda que nós”. Aqui se ensina que o evangelho está acima de qualquer título eclesiástico. Os cristãos devem estar atentos ao conteúdo do que é pregado, e não à posição de quem prega. Quando ele diz “nós”, na primeira pessoa do plural, está se incluindo — ou seja, mesmo que alguém reconhecido como apóstolo pregue outro evangelho, deve ser considerado anátema. Paulo está se submetendo à própria doutrina que recebeu e ensinou.
Jesus também nos advertiu sobre os falsos profetas, que se apresentam com aparência piedosa — o que, por si só, não garante autenticidade de ensino:
“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.”
Mateus 7:15 (ARC)
Outro alerta de Jesus é que os falsos profetas realizariam milagres e prodígios (Mateus 24:24), ou seja, o engano pode ter aparência piedosa, espiritual e até sobrenatural. Não é à toa que Paulo escreve aos Coríntios dizendo que o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz (2 Coríntios 11:13-14). Isso ecoa a declaração: “ou um anjo do céu”, mostrando que o engano pode vir com aparência mística e sagrada.
Um testemunho semelhante aparece na antiga obra conhecida como Didaquê, que é um dos registros mais antigos da tradição cristã fora do Novo Testamento:
“Recebei todo aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examinai-o e conhecereis sua índole, pois tendes entendimento do bem e do mal. Se aquele que vem for um forasteiro e quiser permanecer entre vós, tendo algum ofício, trabalhe e coma. Mas, se não tiver ofício, cuidai com discernimento. Se ele quer apenas viver entre vós sem trabalhar, é um mercador de Cristo: cuidai-vos desse tipo. E se ele ensina outro ensinamento, que destrua este (isto é, o que recebestes), não o escuteis.”
Didaquê 11:1-2
Também Clemente de Roma, discípulo de Pedro e Paulo, disse:
"Se alguém pregar doutrina diversa daquela que recebemos dos apóstolos, cessa de ser cristão."
Epístola aos Coríntios - cap. 42
Esses exemplos nos mostram que, já no século I, o evangelho foi ensinado em sua totalidade. Não devemos esperar acréscimos ou mudanças àquilo que já foi estabelecido. Se alguém tentar fazê-lo, deve ser considerado anátema. Talvez por isso a igreja de Éfeso tenha colocado à prova os que se diziam apóstolos, e os achou mentirosos (Apocalipse 2:2-3). É através do evangelho original que reconhecemos os falsos mestres.
E a Mensagem de William Branham?
À luz das exortações de Cristo e dos apóstolos, devemos analisar o que ouvimos, como fez a igreja primitiva, e julgar se aquilo é o que já recebemos — ou se é um outro evangelho. Dito isto, vejamos algumas declarações e ensinamentos de William Branham, que se autodenominava profeta.
- Dispensacionalismo
Branham foi defensor da doutrina dispensacionalista, que ensina que o evangelho é uma revelação oculta repartida em sete dispensações. Em cada uma, Deus teria enviado um mensageiro para revelar uma parte do evangelho. Para Branham, somente na última era essa revelação se completaria.
Isso contradiz o ensino de Paulo. Se o evangelho fosse progressivo e dependente de novas revelações, ele jamais teria declarado que mesmo que ele próprio ou um anjo pregasse outro evangelho, seria anátema. O evangelho apostólico foi entregue de forma plena e definitiva.
- Semente da Serpente
Branham ensinou que o pecado original foi um ato sexual entre Eva e a serpente, do qual nasceu Caim — tornando-o filho literal do Diabo. Assim, a humanidade teria vindo de duas linhagens biológicas: a de Adão, filhos de Deus, e a da serpente, os filhos do Diabo.
É um ensino muito diferente do que Paulo ensinou no seu discurso no areópago, ao visitar a cidade de Atenas:
“E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação.”
Atos 17:26 (ARC)
Se toda a humanidade veio de um só sangue, de maneira nenhuma pode haver aqui duas linhagens. Analisando o que está em Atos 17 e o fato de Eva ser chamada de mãe de todos os viventes (Gênesis 3:20), podemos concluir que toda a raça humana veio de Adão e Eva, não havendo espaço para um terceiro personagem. As Escrituras defendem dois caminhos: um de vida eterna e outro de morte eterna; contudo, tratam-se de questões espirituais, e não de caráter biológico.
A doutrina da semente da serpente tem origem na ideologia da Identidade Cristã, defendida pela Ku Klux Klan, que apontava pessoas não brancas e afrodescendentes como filhos da serpente. Além de anátema, é uma doutrina puramente racista.
- “A palavra nos dias dos apóstolos não funciona hoje”
Como um dispensacionalista, Branham acreditava em um evangelho progressista em revelação, sendo assim, ele declarou:
260 - A Palavra do tempo de Moisés não funcionou nos dias de Jesus. A obra... a Palavra nos dias dos apóstolos não funciona hoje. É uma palavra prometida para este dia. Eles mesmos disseram, e falaram pelo Espírito Santo, o que aconteceria nos últimos dias, como as igrejas seriam impetuosas, arrogantes, como o povo se levantaria e as prostitutas seriam justas com ela, e como... elas escureceriam a terra. E na última era da igreja, Laodicéia, Jesus seria completamente tirado da igreja.
64-0112 — Shalom
Rev. William M. Branham
De maneira nenhuma os apóstolos declararam qualquer coisa que esteja descrita nesta fala de William Branham. Quando Paulo, Pedro ou João alertaram sobre os últimos dias, estavam se referindo aos dias em que viviam, e não a algo para o futuro. O apóstolo João, por exemplo, chega a afirmar que o espírito do anticristo já está no mundo (1 João 4:3). Ou seja, já no primeiro século a Igreja enfrentava apostasias, heresias, falsos profetas e falsos doutores.
Uma das propostas e finalidades da Mensagem é levar seus adeptos de volta à fé apostólica, mas, se a palavra ensinada pelos apóstolos não serve hoje, qual seria o proveito de voltarmos à fé deles?
Ao afirmar isso, Branham está se colocando como propagador de um outro evangelho. Se a Igreja se corrompe ao ouvir um evangelho diferente daquele que já foi entregue, a Mensagem de William Branham faz parte do problema, não da solução.
- “Preguei o mesmo evangelho de Paulo”
Um dos grandes problemas encontrados na Mensagem são as contradições nas declarações de Branham. Apesar de afirmar em 1964 que a palavra dos apóstolos não serve hoje, no ano anterior, ele afirmou que pregou exatamente o mesmo que Paulo.
32 - Disse: "Ele é superior a isso. Um dia Ele virá, e você será julgado pelo Evangelho que pregou, porque você era o líder." Eu disse: "Bem, Paulo terá que ser julgado pela sua multidão?" Ele disse: "Sim." Eu disse: "Eu preguei o mesmo Evangelho que ele. Exatamente como ele disse, foi assim que eu disse."
63-0115 — Aceitando o Caminho Provido por Deus no Fim dos Tempos
Rev. William M. Branham
Dentro dessa lógica, a Mensagem de Branham não poderia servir para os dias de hoje justamente por ser — supostamente — igual à de Paulo. Quem nos dera se realmente fosse!
Conclusão
A partir dessa análise, concluímos que a Mensagem de William Branham ensina um evangelho distinto daquele que foi pregado por Cristo e pelos apóstolos.
Paulo temia que os cristãos fossem desviados por outros evangelhos (Gálatas 1:6-7; 2 Coríntios 11:4). E, de fato, Branham apresenta uma mensagem com mistérios ocultos, doutrinas novas e revelações progressivas — elementos estranhos ao evangelho completo e definitivo ensinado no primeiro século. Sendo assim, que a Mensagem seja anátema!
“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.”
2 Timóteo 3:16-17
“O que os apóstolos pregaram, e o que Cristo revelou, é a mesma verdade; e esta foi entregue à Igreja, para que ela a guardasse fielmente.”
Irineu de Lyon
Contra as Heresias, Livro III, cap. 1
“Que ninguém acrescente ou tire da doutrina entregue pelos apóstolos, pois ela é perfeita, e nisto está a salvação.”
Atanásio
Carta a Antíoco