A Visão do Urso Pardo: Quando “Assim Diz o Senhor” Falha

A Visão do Urso Pardo: Quando “Assim Diz o Senhor” Falha

William Branham, reconhecido como profeta por muitos de seus seguidores, não apenas declarou visões espirituais, mas também algumas bastante curiosas — como a de que mataria um urso pardo gigante. Esta visão, como outras, foi proclamada com o peso da frase “Assim diz o Senhor”. Mas, ao contrário do que se esperava de uma profecia com essa chancela divina, ela nunca se cumpriu.

A Declaração Profética:

Em 6 de maio de 1962, no sermão Possuindo Todas as Coisas, Branham relatou:

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11 - Muitos de vocês se lembram da visão que eu tive, onde atirei no urso pardo de nove pés... e o caribu. Eu tive outra. Lembre-se, está na fita aqui. Eu vi esse grande urso pardo. Isso pode ser um Kodiak, e não funcionaria lá no Canadá, porque eles não estão lá. Entende? Mas onde quer que seja, será. Isso é ASSIM DIZ O SENHOR. Será. Veja?

62-0506 - Possuindo Todas as Coisas
Rev. William M. Branham

Aqui, ele admite que o animal não poderia estar na região onde ele normalmente caçava (Canadá), mas ainda assim insiste que o cumprimento é inevitável por ser uma ordem divina.

No mês seguinte, 10 de junho de 1962, no sermão Presumindo, ele reforça a visão:

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83 - Agora, estou voltando para um país, que vocês talvez conheçam, quando eu voltar no ano que vem, vou pegar um urso pardo que tem quase o dobro desse tamanho. Vejam se está certo ou não. Eu vi. Quando estávamos de pé, coloquei minhas mãos em suas ancas, deitados no chão, assim, e eu podia colocar minha mão em seus quadris assim, e ele deitado. Agora, vocês descobrem se isso está certo ou não.

62-0610M - Presumindo
Rev. William M. Branham

Essa segunda declaração solidifica a certeza de Branham de que a visão se realizaria — e que ela deveria ser testada e verificada por seus seguidores.

Tentativas de Cumprimento

Branham retornou ao Canadá pelo menos duas vezes após essas declarações:

  • Em julho de 1962, para uma viagem de caça no norte da Colúmbia Britânica.
  • Em outubro de 1964, em uma nova expedição, desta vez com o irmão Pearry Green.

Em ambas as ocasiões, o urso pardo da visão não apareceu. E em nenhum momento ele relatou ter abatido o animal como fora mostrado “na visão do Senhor”.

Ele faleceu em dezembro de 1965, encerrando sua vida sem que a visão se cumprisse.

As Justificativas dos Seguidores

Diante da falha óbvia, surgiram algumas tentativas de explicação por parte de seus seguidores:

  1. Branham ressuscitará para cumprir a visão.
    (Teologicamente implausível e sem paralelo bíblico para profecias triviais.)
  2. Branham não obedeceu corretamente à visão.
    Mas isso conflita com a própria natureza do “Assim diz o Senhor”, que não deveria depender da ação humana.
  3. Exemplo de Jonas: visões podem não se cumprir.
    Jonas profetizou julgamento com uma condição implícita (arrependimento). A visão do urso era um evento natural, não moral ou condicional.

As profecias fracassadas de Branham foram ligadas também à salvação. Branham supostamente seria perdoado com a morte do urso.

O amigo de William Branham, Evan Mosley, deu o seguinte testemunho sobre a história, antes de Branham falecer em 1965:

“Ele me disse: ‘Eu vou saber que Deus me perdoou quando eu atirar naquele urso.’ Ele disse: ‘É assim diz o Senhor.’”

A Inconsistência Profética

Branham declarou que Deus era “perfeito e nunca falha”. E ainda assim, o cumprimento literal da visão nunca ocorreu. A ausência do evento deveria levantar sérias dúvidas sobre a autenticidade profética não apenas desta visão, mas também de outras similares. Afinal, o padrão bíblico é claro:

“Se o profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra não se cumprir, com presunção falou o tal profeta; não tenhas temor dele.”
— Deuteronômio 18:22

Conclusão

A visão do urso pardo é um exemplo contundente de como a autoridade profética pode ser reclamada sem responsabilidade. As tentativas posteriores de justificar a falha da profecia soam como racionalizações, e não como revelação divina.

Para quem deseja uma fé honesta e coerente, essas inconsistências merecem ser examinadas com cuidado e sem medo.

Artigo de: Gabriel Zezo

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Jamie Larson
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