Elias Minotto Destri
Escrevo estas palavras com respeito e carinho direcionadas ao meu pai e minha mãe, pois sei que nossa fé cristã sempre foi um pilar em nossa família. No entanto, depois de muita oração, reflexão e estudo das Escrituras, cheguei à conclusão de que preciso seguir um outro caminho na minha vida cristã. Com isso, decidi me retirar da igreja de Branham. Percebi que esta igreja estava me atrapalhando com a minha relação com Cristo, uma vez que Ele é o Único que deve ser tratado como figura central de nossas vidas.
Um dos pontos que me levou a essa decisão foi a questão da promessa da vinda de Elias. Sempre nos ensinaram que haveria um profeta nos últimos dias para restaurar todas as coisas e que William Branham foi esse homem. No entanto, ao estudar a Bíblia, a história da Igreja e a Tradição, percebi que essa interpretação não se sustenta.
Lembrando que estudo sobre isso há muitos anos, em 2018 passei a perceber muitas coisas que não estavam nas Escrituras, muitas das vezes ao longo dessa caminhada minha mente ficou abalada, pois nunca quis ir contra a fé de meu pai e de minha mãe, nunca quis combater Branham, nunca fui critico a ele e eu queria que ele fosse de fato um profeta, sempre me interessei por Deus e procurei buscar Ele em Oração e Meditação em sua palavra.
Agora que estou com outro norte, estou retornando com força para meditar em Cristo, minha mente não está mais abalada e estou convicto de minha decisão, demorei muito para expor esse meu sentimento pois amo vocês e não quero deixar tristes. Lembre-se que Jesus é o meu Deus e nunca vou abandonar a fé em Cristo que quero ser um cristão cada vez melhor.
Voltando a falar sobre Elias:
A profecia de Malaquias 4:5-6 realmente fala sobre o envio de Elias antes do grande e terrível Dia do Senhor. No entanto, o próprio Jesus nos explicou quem foi esse Elias: João Batista. Em Mateus 11:13-14, Ele disse:
"Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir."
E novamente em Mateus 17:11-13, quando os discípulos perguntaram sobre Elias, Jesus respondeu:
"Na verdade, Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer às mãos deles." Então os discípulos entenderam que lhes falara de João Batista."
Ou seja, João Batista foi o Elias prometido, pois ele veio preparar o caminho para Cristo. Isso é confirmado também em Lucas 1:17, onde o anjo Gabriel, falando sobre João Batista, diz:
"E irá adiante d’Ele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto."
João Batista já veio no espírito e poder de Elias, então não há necessidade de outro "Elias" nos últimos dias. A missão de preparar o caminho do Senhor já foi cumprida por ele e se deu antes do grande e terrível dia do Senhor, pois a primeira vinda de Cristo é antes do dia do Juízo Final.
Além disso, a crença de que haveria uma restauração da Igreja nos últimos dias também entra em contradição com as palavras de Jesus. Ele mesmo declarou em Mateus 16:18:
"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela."
Isso significa que a Igreja de Cristo nunca foi destruída ou perdida ao longo da história, pois Ele mesmo garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela, se nem mesmo o inferno iria prevalecer, quanto menos um imperador chamado Constantino.
A Igreja sempre esteve firme e viva através de grandes cristãos, 3 deles inclusive são citados por Branham, como São Irineu de Lyon que escreveu Contra as Heresias, refutando os ensinos gnósticos, e afirmando a sucessão apostólica e a unidade da fé cristã, São Martinho de Torus e São Columba.
Há muitos mais cristãos que ajudaram a defender a fé cristã das heresias que foram crescendo, como Justino Mártir (100-165 d.C.), que defendeu Cristo dos pagãos mostrando que Ele é o Messias. Atanásio de Alexandria (296-373 d.C.) combateu o arianismo que negava a divindade de Jesus e defendeu a consubstancialidade do Filho com o Pai no Concílio de Niceia (325 d.C.), resultando na formulação do Credo Niceno que defende a Divindade de Jesus como Único Deus.
Santo Agostinho (354-430 d.C.) Defendeu a graça divina, a autoridade da Igreja e a necessidade da mediação de Cristo para a salvação.
João Damasceno (675-749 d.C.) defendeu a fé cristã contra a crescente falsa religião do islamismo e de seu falso profeta Maomé.
A Santa Igreja de Cristo sempre esteve unida em fé por mais que houvessem turbulências na história, nem o Império Romano, nem os Islâmicos e nem os ateus da revolução francesa conseguiram abalar a Igreja de Deus, a Igreja de Cristo nunca precisou ser reformada em suas doutrinas centrais, isso é uma blasfêmia, Cristo é a cabeça da Igreja e nunca deixou a verdadeira fé se perder.
Cristo, e não um profeta posterior, é o verdadeiro Restaurador de todas as coisas. Atos 3:20-21 afirma que o céu deve recebê-lo "20 E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado.
21 O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio."
A restauração, portanto, acontece em Cristo, por meio da Sua Igreja e do Seu Reino, que já foi inaugurado e será plenamente consumado em Sua Segunda Vinda. Jesus Cristo é o Restaurador de TODAS as coisas. Por isso muitos idolatram Branham, ele não falou que era pra fazer isso, mas ele abriu brecha para isso todas as vezes que se colocou como um restaurador ou alguém que sabe mais que todos os cristãos primitivos. Apenas Cristo é restaurador de TODAS as coisas.
Lembre-se do que São Paulo escreveu na carta aos Hebreus: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.”
Não há mais profetas, há apenas o Filho de Deus, Jesus Cristo, é através dele Somente que Deus fala. Os profetas e a lei foram até João Batista, como disse o Senhor.
Por tudo isso, compreendi que minha fé deve estar firmada naquilo que Cristo ensinou e na Igreja que Ele estabeleceu. Sei que essa decisão pode ser difícil para vocês, mas quero que saibam que continuo amando vocês, pois me ensinaram a ter Fé em Cristo como Deus Verdadeiro e respeito cada um dos irmãos da igreja de Branham, respeito o pastor Aristides e acredito que ele seja um homem de Deus. Tudo o que desejo é seguir a verdade de Cristo com sinceridade.
Espero que respeitem minha decisão, assim como eu respeito a fé de vocês. Minha intenção não é criar discussões nem tentar convencer ninguém a sair da igreja de Branham. Esta é uma escolha particular que fiz após muita reflexão e estudo. Também não preciso que tentem me convencer do contrário, pois cresci nessa igreja e conheço bem todos os argumentos que são apresentados. Minha decisão foi tomada com plena consciência e com o desejo sincero de seguir a Cristo da melhor forma.
Que Deus, através de Seu Filho nos guie sempre na Sua graça e na Sua verdade.