William Branham e a Visão das Duas Árvores
William Branham afirmou por várias vezes ser um profeta de Deus e possuir dons característicos deste ministério. Um desses dons, que ele afirmava ter desde pequeno, foi o de visões. Segundo o que foi relatado nos seus sermões, suas visões contemplavam diversas áreas, tanto doutrinárias como escatológicas. O chamado “profeta” chegou a declarar que suas visões eram infalíveis, conforme abaixo:
30 - E então, desde criancinha, nasci neste Estado de Kentucky, as visões simplesmente vêm a mim do mesmo modo que comer ou qualquer outra coisa...
54-0404 - Deus tem um caminho provido
App The Table - Gravações a Voz de Deus.412 - Agora, vejam, amigos, as visões não falham. Elas são sempre perfeitas. São exatamente a verdade.
63-0324 - O Sétimo Selo
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A visão das Duas Árvores:
Em 1962, no sermão intitulado “A Fase Presente do Meu Ministério", Branham conta a respeito de uma visão que teve por volta de 1933, quando houve a reconstrução do Tabernáculo. A partir do parágrafo 5, na tradução feita pela Gravações a Voz de Deus, Branham conta que é levado em visão a um bosque, onde um anjo aparece dizendo que ele deveria plantar sementes nos dois vasos que estavam um na sua mão direita e outro na mão esquerda. Ao plantar as sementes, rapidamente elas crescem cada uma no seu próprio vaso. O anjo lhe manda colher e comer, e assim ele o faz.
No parágrafo 38, Branham dá sua própria interpretação dessa visão. Segundo ele, um vaso representava os unicistas e outro os trinitários e que, em seu ministério, nunca houve nenhum tipo de associação com ambas as doutrinas. Ele se manteve entre os dois, pois acreditava que ambos seriam salvos. As duas árvores estariam diante da cruz.
38 - E se você observar, na visão que tive do meu ministério, era como eu nunca tivesse atravessado aquelas árvores. Eu nunca fiz proselitismo. Eu nunca disse: “Todos vocês trinitários sejam unicistas” ou “Todos vocês unicistas sejam trinitários. ” Eu tenho plantado em seus próprios vasos. Exatamente. Eu fui aos trinitários, eu fui aos unicistas, eu fui a todos, e fiquei no meio deles e nunca juntei a nenhum deles; mas fiquei entre eles, sendo um irmão, exatamente o que a visão disse que fizesse. E tenho comido do fruto dos dois lados, salvação em ambos os lados.
39 - E agora, observou você, há várias pessoas trinitarianas assentadas aqui, há vários unicistas, e há vários outros diferentes. Mas quão pouco adiantaria fazer barulho a respeito disto, porque se aquela parte da visão era verdade, a outra parte é verdade, também. Ambos os frutos foram encontrados na cruz. Vêm? Ambos estavam na cruz, todos agrupados juntos, e ambos ameixas e peras, ou melhor, ameixas e maçãs choveu sobre mim lá. Ambos. Todos encontrados na cruz, porque todos eles criam em Deus e estavam cheios com o Espírito Santo, e possuíam as obras cristãs e os sinais seguiam.
62-0908 - A Fase Presente do Meu Ministério
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Com esses parágrafos, fica evidente que o anjo que lhe falou em visão o estava dirigindo a considerar os cristãos trinitários como cheios do Espírito Santo e salvos, assim como os unicistas. Isso lhe foi dado em uma visão que o próprio reverendo havia afirmado nunca falhar.
Trindade: A Marca da Besta:
Apesar de ter contado essa visão em 1962, numa série de sermões gravados ainda em 1961, Branham já estava afirmando que a Trindade é do Diabo.
169 - Agora, meu precioso irmão, eu sei que isto está sendo gravado também. Agora, não fique agitado. Deixe-me dizer isto com amor pio. A hora se aproxima onde não posso me silenciar mais sobre essas coisas: muito perto da vinda. Vêem? “O trinitarianismo é do diabo.” Eu digo que isto é o Assim Diz o Senhor. Veja de onde isto vem. Isto vem do Concílio Niceno. Quando a igreja católica começou a governar. A palavra “trindade” não é nem mesmo mencionada em todo Livro da Bíblia. E longe de existir três Deuses, pois isto é do inferno. Existe um Deus. Isto é exatamente correto.
61-0108 - Apocalipse, capítulo 4 – 3ª parte
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Em 1965, Branham também parece ter se esquecido da visão que teve sobre as duas árvores, unicistas e trinitários, cheios do Espírito Santo e salvos diante da cruz. Ele passou a afirmar contundentemente que os cristãos que acreditavam na doutrina da Santíssima Trindade possuíam a marca da besta.
“Então, todo o povo tem que pertencer ao sistema mundial de igrejas ou estar ao sabor da sorte, porque não poderão comprar nem vender sem a marca da besta na mão ou na testa. A marca na testa significa que terão que aceitar a doutrina do sistema mundial de igrejas, o qual é trinitarianismo, etc, e a marca na mão, significa cumprir a vontade da igreja mundial.”
Um resumo das sete eras, página 341, 1965
Gravações a Voz de Deus.
A Problemática:
Ao analisarmos essas declarações, algumas perguntas começam a surgir:
- Por que Branham estaria, em 1962, afirmando que os trinitários também são salvos, sendo que, em 1961, ele afirmou que a doutrina é do Diabo?
- A visão contada em 1962 estaria se opondo ao “assim diz o Senhor” declarado em 1961?
- Como os trinitários poderiam estar cheios do Espírito Santo e possuírem a marca da besta AO MESMO TEMPO?
- Entre o “assim diz o Senhor” e a visão, qual estaria certo?
A Resolução:
Para respondermos a essas perguntas, precisamos de um simples esforço intelectual partindo de pressupostos verdadeiros.
- O “assim diz o Senhor” não pode falhar;
- Visões ou sonhos enviados por Deus não podem falhar;
- Segundo as Escrituras, o Espírito Santo e a marca da besta não podem estar no mesmo indivíduo.
Branham colocou Deus contra Deus ao afirmar essas declarações contraditórias. Racionalmente, é impossível afirmar que Deus daria salvação e do seu Espírito para pessoas que possuem a marca da besta. Como Deus poderia declarar salvação aos trinitários e depois condená-los ao fogo e enxofre por possuírem a marca da besta?
“E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.”
Apocalipse 14:9-10 (ACF)
Só nos restam 3 opções. A primeira: o “assim diz o Senhor” falhou e a visão está correta. Segunda: a visão está correta e o “assim diz o Senhor” falhou. Ou a terceira: Branham nunca teve a visão e o Senhor nunca falou através dele. Em resumo, chegamos ao ápice da questão: ou Deus falhou, ou Branham falhou. Qual escolheremos?
Conclusão:
Quando duas teses são opostas, não há como conciliar as duas como verdadeiras. Uma terá que ser sustentada em detrimento da outra, a não ser que as duas estejam erradas. Fica muito evidente que Branham usou “o assim diz o Senhor” e suas supostas visões para ganhar credibilidade diante de sua audiência, dessa forma, suas declarações opostas ganharam “ar” de espiritualidade e revelação.
Branham possuía um entendimento muito confuso no que diz respeito à Divindade. Suas declarações, quando analisadas de modo crítico, são preocupantes, principalmente do ponto de vista teológico. O reverendo parecia não estar realmente decidido em relação ao que de fato acreditava. Suas afirmações contraditórias, frequentemente se utilizando das palavras do Senhor, fazem com que ele se encaixe totalmente no que está escrito em Deuteronômio 18:20 e em Jeremias 23:31-32 (ACF), respectivamente.
“Porém o profeta que presumir soberbamente de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não tenho mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, o tal profeta morrerá.
“Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse. Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o Senhor”.
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